Afinal, o que é Psicoterapia?
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por Julio Ito
Psicólogo (CRP 06/130191)

Percebo que muitas pessoas tem essa dúvida e não sabem exatamente o que é a psicoterapia ou para que ela serve. Afinal, o que é Psicoterapia?

Há muitos motivos pelos quais se procura terapia: quando "a casa caiu", por indicação de amigos e familiares, por encaminhamentos médicos e por aí a banda toca. Infelizmente ainda existem pessoas que acreditam veemente que a “terapia é para loucos e/ou fracos". Mas, o que é a loucura? Teríamos que fazer uma revisão histórica de como essa palavra sofreu transformações durante os anos... Há quem diga (Krishnamurti) que não é sinal de saúde estar adaptado a uma sociedade doente... por outro lado, há pessoas que também não possuem suficiente adaptação ao mundo exterior. 

Assim, nos próximos parágrafos, tentarei explicar um pouco, tanto para as pessoas que têm curiosidade como para aquelas que possuem "pré-conceito", sobre o que é a psicoterapia.

Psicoterapia: um processo

Bem, a psicoterapia ou apenas “terapia” - como usualmente é chamada - é, antes de mais nada, um processo de encontros com o seu analista/psicoterapeuta que, como todo processo, o seu andamento e progresso é gradual como numa academia. De maneira ampla, a psicoterapia visa proporcionar uma melhor conexão com o seu próprio mundo interno e, consequentemente, uma ampliação de consciência através da fala, da escuta sensível, da reflexão e do diálogo.

Particularmente, gosto da ideia de que é na psicoterapia que se começa a se fazer uma espécie de cartografia da alma. Vamos aos poucos escutando as tendênciaspadrões, sintomas e assim conhecendo melhor como determinada pessoa funciona para que ela possa ter uma melhor compreensão de si mesma.

Afinal, o que é Psicoterapia?


Dessa forma, um dos objetivos é que a pessoa possa ir se tornando mais psicologicamente autônoma, ou seja, mais conectada com ela mesma, mais consciente de si mesma, de suas atitudes, de seus pensamentos, de seus modos de ver e se envolver com o mundo, (re)adquirindo assim melhor qualidade de vida. De fato, tudo isso não necessariamente implica em menor quantidade de sofrimento, mas sim no modo como se lida com ele.

A psicoterapia e o desconhecido

A terapia/análise não é só para quem está num processo de conflito, mas também para quem busca desenvolver a personalidade. É um espaço protegido e sagrado para um trabalho de autoconhecimento, um temenos como chamariam os gregos. Protegido porque tudo que é falado em cada sessão permanece em sigilo. Sagrado porque assim são os conteúdos da alma humana e também é a qualidade que evoca segurança, proteção e acolhimento necessários para se criar um ambiente de transformação. Na jornada de um processo de terapia lidamos com conteúdos desconhecidos onde eu não sei onde vai dar - se soubesse, nada mais seria do que preconceito e presunção de minha parte - mas estarei junto como um companheiro de jornada.

Importante entender que nem sempre o sofrimento ou sua causa é explícita, ou seja, consciente. O nosso inconsciente está a todo momento se manifestando de forma automática/compulsiva sem nos darmos conta. Por vezes, ele acaba norteando os rumos de nossa existência em experiências que podem ser desastrosas. Uma das formas de mergulharmos em nós mesmos, confrontarmos esses padrões repetitivos e obtermos autoconhecimento é através da psicoterapia/análise.

Motivos para uma psicoterapia

Os motivos para se procurar uma terapia são amplos. De uma maneira geral, transitam entre um tratamento para um sofrimento como ansiedade, depressão, crises existenciais, luto, relacionamentos amorosos, trabalho, mudança repentina na vida e a busca por autoconhecimento (substrato que acelera o desenvolvimento); no geral, podemos pensar numa busca por uma maior conexão consigo mesmo.

Existem diversas abordagens de psicoterapia, assim como existem diversos restaurantes para diferentes paladares. A que eu utilizo é a junguiana (Psicologia Complexa de Carl Gustav Jung). Na verdade, a abordagem do profissional não possui grande relevância para quem procura uma psicoterapia, pois é sabido que um dos principais fatores para um resultado positivo é o bom vínculo estabelecido entre terapeuta e paciente. Sugestão: não desista logo de cara, pois pode não ser na primeira e nem na segunda tentativa que o "santo bata". Isso não quer dizer que a/o terapeuta não seja competente. Há diversas variáveis significantes que influenciam a experiência como a personalidade do terapeuta.

Jung sobre o processo de terapia em sua obra A Prática da Psicoterapia:

O principal objetivo da Terapia Psicológica não é transportar o paciente para um impossível estado de felicidade, mas sim ajudá-lo a adquirir firmeza e paciência diante do sofrimento. A vida acontece no equilíbrio entre a alegria e a dor. Quem não se arrisca para além da realidade jamais encontrará a verdade.

Em complemento, gosto de uma citação da Jolande Jacobi:

Seguramente, a representação geral vigente, de que o desenvolvimento psicológico acaba levando a um estado no qual já não há sofrimento é completamente equivocada. Sofrimento e conflitos fazem parte da vida , e não podem ser vistos como “enfermidade”; são os atributos naturais de todo e qualquer ser humano, são como que o pólo contrário normal da felicidade. É só onde o ser humano procura fugir deles por fraqueza, covardia ou incompreensão que surgem a enfermidade e os complexos.



Atualizado (Jan/2019):

Escrevi também um texto sobre um estudo que aborda a eficácia da psicoterapia junguiana. Acredito que possa ser relevante para quem está neste processo de busca terapêutica:


Espero que esse texto contribua de alguma forma para a sua vida. Um abraço e até a próxima,

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Julio Ito
Psicólogo (CRP 06/130191), psicoterapeuta junguiano, músico, facilitador de workshops, pesquisador e professor convidado do curso de Pós-graduação em Teoria e Prática Junguiana do Instituto Solaris (RJ).
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