Esse é um conto que ouvi e li em diferentes versões. Transcrevo aqui agora a minha:
Certa vez, um fazendeiro que andava pelas florestas encontrou um filhote de águia machucado no chão - provavelmente havia caído de seu ninho.
Levou-o então até à sua fazenda e colocou o filhote de águia junto com suas galinhas no galinheiro para que ele se recuperasse. Assim ele foi crescendo.
Alguns anos depois, um cientista que estava de passeio pela região, visitou a tal fazenda e viu uma coisa que lhe chamou a atenção: havia uma águia vivendo entre as galinhas. O cientista então, querendo ajudar a águia, perguntou ao fazendeiro se ele permitiria tal ação. O fazendeiro, descrente, consentiu, porém, debochando: "Esse bicho é uma galinha. Ele se tornou uma galinha e, portanto, não é mais uma águia".
Pois bem... o cientista então apoiou o bicho no seu braço e disse a ele: "Ei! Você é uma águia e foi feita para voar. Voe!". A águia apenas olhava de um lado para o outro sem entender e pulou para o chão de terra, juntando-se novamente às suas companheiras galinhas.
Focado no seu objetivo, subiu com a águia até o telhado da casa do fazendeiro e disse para a águia: "Você foi feita para voar. Veja o seu bico pontudo e as suas fortes garras! Voe!". Puff! A águia então desengonçada caiu de cima do telhado e se espatifou no chão. O fazendeiro permanecia descrente: "Eu lhe disse: esse animal agora é uma galinha".
O cientista não desistiria assim: antes do sol nascer, levou o animal até o ponto mais alto da montanha mais próxima daquela região. Lá de cima, o céu estava infinito. Com a ave em seus braços, o cientista olhou nos olhos da águia e disse: "Ei! Você é uma águia, uma ave de rapina. Cometeram um erro com você. Embora você tenha sido criada como galinha, seu coração é de águia. Você é a rainha das aves e possui asas que foram feitas para voar e habitar estes céus infinitos. Você pertence ao céu e não à terra. Liberte-se dessa natureza falsa de galinha e voe como a verdadeira águia que você é!".
Os primeiros raios solares do sol nascente então atingiram os olhos do animal que agora brilhavam como se estivessem em chamas ardentes. O bicho estremeceu e parecia sentir uma vida nova dentro e fora de si. Num gesto magistral e emitindo um som grave e abrupto, o animal abriu as suas asas e soltou um grito de águia que arrepiou o silêncio. Percebeu que suas asas eram enormes e potentes. Em seguida, a águia pulou da montanha e alçou um vôo que aos poucos se misturou com o infinito do céu. Ela voou, voou e voou, reencontrando assim a sua natureza de águia.
Espero que esse conto possa contribuir de alguma forma para a sua vida. Um abraço e até a próxima.
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